Por: Cinthia Malcher*
A BR-230, mais conhecida como Transamazônica, voltou a ser assunto nas redes sociais ao se tornar cenário de vídeos que expõem os desafios extremos enfrentados por motoristas e passageiros. No trecho próximo ao município de Uruará, no sudoeste do Pará, a rodovia se apresenta como um verdadeiro campo de lama, intransitável em diversos pontos. Os vídeos publicados no TikTok, YouTube e Instagram mostram caminhões atolados, ônibus presos no barro, motociclistas em manobras arriscadas e carros de passeio testando os limites da resistência.
A precariedade da rodovia virou um show nas redes sociais. Moradores das áreas próximas registram os momentos mais dramáticos e muitas vezes arriscados de quem tenta atravessar o trecho durante o inverno amazônico. Os vídeos mostram cenas de caos que, apesar de cômicas para alguns, escancaram o drama vivido diariamente por quem depende da rodovia para se locomover ou transportar mercadorias.
As imagens apresentam ao país e ao mundo uma realidade que mistura indignação e perplexidade. Enquanto uns lamentam o descaso do poder público, outros enxergam um triste retrato da negligência estrutural no Brasil.
Além do prejuízo financeiro causado a empresários de transportes rodoviários, que lidam com danos constantes a veículos e atrasos nas entregas, a situação isola comunidades inteiras, prejudicando o acesso a serviços básicos como saúde e educação. A Transamazônica é uma via crucial para o escoamento de produtos agrícolas e pecuários da região, mas a sua condição atual compromete a competitividade econômica e agrava o sofrimento da população local.
A viralização dos vídeos trouxe à tona uma questão que tem sido ignorada por governantes. Tanto o governo federal quanto o estadual são alvo de críticas pela falta de investimentos em infraestrutura na Transamazônica. Deputados da região, que deveriam ser a voz da população, permanecem em silêncio, alimentando a sensação de abandono entre os moradores e usuários da rodovia.
Nas redes sociais, os espectadores dos vídeos se dividem: enquanto muitos se solidarizam com a difícil realidade enfrentada pelos amazônidas, outros transformam o caos em piada, evidenciando o abismo entre quem vive o problema e quem o assiste de longe.
A Transamazônica foi planejada para integrar o país e promover o desenvolvimento regional, mas a realidade mostra um caminho contrário. A rodovia, símbolo de promessa e progresso, hoje reflete descaso e retrocesso.
Os vídeos continuam a bater recordes de visualização, enquanto a população sofre com os efeitos de um problema que parece não ter fim. A pergunta que ecoa nas redes e nas comunidades afetadas é a mesma: até quando?
*É colunista do Portal JK do Povão On Line
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